‘Você disse o quê?’
‘Que eu te amo.’
Silêncio.
‘Isso vai ter revanche’, foi a única coisa que pensei.
Rimos e nos beijamos. Suspirei, aliviada e protegida pela escuridão do quarto. Meu coração dava cambalhotas, porque é assim que ele fica quando está feliz ou confuso. Corri para o banheiro para que ele não sentisse meu peito parecendo a Orquestra Voadora, no primeiro dia de Carnaval, e não visse minhas bochechas num vermelho pimentão.
O escuro é o cúmplice camarada dos ‘eu te amo’ não correspondidos. Ele alivia o constrangimento mútuo. Desacelera o tempo para que dê tempo que tudo seja esquecido quando amanhece. Pode ter sido sonho. Pode ter sido muito vinho. O dia vem com suas buzinas, marteladas, gente vindo e indo, logo ali sob a janela. É muito barulho para revanche, não tem clima pra ‘eu te amo’, ainda mais quando não tem mesmo clima.
Sempre tive medo do ‘eu te amo’, porque muitas vezes o ‘eu te amo’ traz o medo que não existia. O medo de perder o amor, o medo de…
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Como é difícil dizer eu te amo